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O sultão das coxinhas

O empresário português Alberto Saraiva, dono do Habib's, faz R$ 1,5 bilhão por ano vendendo esfihas e quibes. Agora, ele quer ganhar mais R$ 650 milhões com salgadinhos, sua mais recente aposta.

Por Érica Polo

A rede de fast-food Habib’s, do empresário português Alberto Saraiva, recebeu mais que um Brasil em suas lojas no ano passado. Foram cerca de 200 milhões de clientes que consumiram, em média, três esfihas cada um. 

Todos foram atraídos por um produto cujo preço é inferior a R$ 1. E foi de centavo em centavo que o Habib’s se transformou, ao longo dos últimos 22 anos, em uma rede cujo faturamento é estimado em R$ 1,5 bilhão pelo mercado, um dos três maiores empreendimentos do setor de fast-food local. 
 
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Comida barata "Estou sempre procurando algum produto para lançar que possa custar zero vírgula alguma coisa"
Alberto Saraiva, dono da rede Habib's
 
Mas a fome de Saraiva aparentemente ainda não está saciada. Aos 57 anos, esse empresário português agora quer fazer fortuna vendendo salgadinhos, como coxinhas, empadas e bolinhos, com a sua nova rede, a Box30.  Assim como o Habib’s, cada item custará menos de R$ 1. Mas o atrativo é a forma de venda: quem comprar 30 salgadinhos levará mais 30 de graça. Cinco lojas-piloto serão inauguradas neste ano – uma já está em funcionamento desde o ano passado em São Paulo. 
 
“Se o projeto der certo, pretendo abrir mil lojas, 500 delas próprias”, diz Saraiva. Em sua estimativa, é um negócio que pode acrescentar, no mínimo, mais de R$ 650 milhões anuais aos cofres de seu grupo.
 
Por que Saraiva, que já tem duas redes de alimentação – o Habib’s e o Ragazzo, de comida italiana – aposta em um novo negócio? De acordo com o empresário, uma das explicações é a possibilidade de multiplicação em um ritmo mais acelerado. “Vai ser mais fácil encontrar pontos”, diz. 
 
As lojas do Box30 serão menores do que os seus outros negócios, com áreas entre 20 m2 e 80 m2. As instalações do Habib’s e do Ragazzo têm, em média, 400 m2. O investimento em cada unidade – própria ou via fraqueado – será de R$ 300 mil, um quinto do valor das duas outras redes do empresário. 

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Mesmo inferior, o investimento para abrir uma nova loja não é considerado baixo. “De certa forma, o franqueado vai pagar também pela grife do negócio associado ao Habib’s, que é sinônimo de sucesso e rentabilidade”, diz Ricardo Camargo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF). 
 
“É como comprar uma roupa de marca.” Para o diretor da consultoria especializada ECD Food Service, Enzo Donna, o Box30 vai atender os consumidores em um nicho pouco explorado no setor de refeições rápidas. 
 
É o segmento chamado de terceira porta, ou de comida retirada, que rende cerca de R$ 800 milhões por ano no Brasil. “São consumidores que não querem jantar fora nem esperar chegar em casa para pedir comida depois de um longo dia de trabalho”, afirma Donna. Além disso, o Box30 manterá a estratégia de preço baixo e o modelo terá apelo junto às classes C e D, em franca expansão no Brasil. 
  
 
Nas redes do dr. Saraiva, como ele gosta de ser chamado – médico de formação, o dono do Habib’s nunca exerceu a profissão –, a estratégia da comida barata nasceu muito antes das classes emergentes  virarem vedetes da economia. 
 
“Estou sempre procurando algum produto para lançar que possa custar zero vírgula alguma coisa”, diz Saraiva. Para isso, o controle é tudo. Na contramão dos manuais de administração modernos, a premissa  no grupo é de quanto menor a terceirização, melhor. 
 
O conceito existe desde o início da operação da companhia, em 1988. Hoje, na área alimentícia, o grupo Habib’s tem um laticínio e uma indústria de pães, massas e doces. Também estão sob o seu comando um escritório de arquitetura, uma consultoria de franquias, uma imobiliária, uma empresa de call center, uma agência de propaganda e uma agência de viagens. 
 
Mas nem tudo em que Saraiva investe se transforma em lucros. O empresário também coleciona alguns fracassos. Nenhuma das três tentativas de internacionalização do Habib´s, que investiu em lojas nos Estados Unidos, China e México, deu certo. O plano de abrir uma rede de postos de combustíveis, que abrigariam unidades de alguns de seus negócios,  anunciado em 2009, também não avançou.


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