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Quem acredita na bolha?

A nova onda de investimentos abundantes nas companhias ligadas às redes sociais, como Facebook e Twitter, elevou a temperatura nos negócios de internet e trouxe de volta o espectro de uma quebradeira no mundo digital.  

Há alguns dias, o CEO do Google, Eric Schmidt, colocou em primeiro plano um assunto que já é motivo de preocupação para investidores e executivos do mercado de internet. Um dos mais proeminentes nomes do setor de tecnologia da informação – foi também conselheiro da Apple –, Schmidt afirmou, em entrevista a uma revista suíça, temer que a excessiva valorização das empresas digitais resulte em tragédia. “Há claros sinais de que está se formando uma nova bolha nos negócios digitais”, disse Schmidt. 

Foi a primeira vez que um executivo de primeira linha do setor  admitiu publicamente o temor do surgimento de uma nova bolha no setor digital, a exemplo da que ocorreu em março de 2000, quando a bolsa eletrônica Nasdaq quebrou e o mercado de tecnologia mergulhou numa profunda crise. Entre 2000 e 2002,  o estouro das pontocom provocou uma perda de US$  5 trilhões no valor de mercado das empresas listadas na Nasdaq.
 
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Eric Schmidt, do Google: investimentos descolados da realidade vão causar uma tragédia 
 
A afirmação de Schmidt foi produzida  em resposta a uma pergunta sobre o que ele pensava da alta valorização de empresas como o Facebook e a Zynga, criadora de jogos para redes sociais, como o FarmVille. 
 
No caso do site comandado por Mark Zuckerberg, um aporte recente de US$ 1,5 bilhão elevou seu valor de mercado para US$ 50 bilhões. A Zynga, por sua vez, mantém negociações nos EUA que devem elevar o seu valor para US$ 9 bilhões. 
 
Até aí nada de novo, se não houvesse uma discrepância na relação entre receita e valor de mercado das duas empresas – 25 vezes no caso do Facebook e nove no da Zynga, índices vistos como elevados pelos analistas de mercado. 
 
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Inclusive, dependendo do rigor da análise, o argumento de Schmidt pode ser usado contra sua própria empresa: o Google está avaliado em US$ 202 bilhões, ou sete vezes a sua receita, de US$ 29 bilhões. 
 
Há quem fareje no alerta de Schmidt o cheiro do despeito e da inveja, especialmente em relação ao Facebook, um dos grandes rivais do Google. A rivalidade, é certo, pode ter influenciado em parte o comentário de Schmidt. 
 
Mas há vários indícios que justificam os alertas sobre a possibilidade de uma segunda bolha do mercado digital – um deles, aliás, envolve o Google. Há dois meses, por exemplo, Andrew Mason, o CEO do Groupon, badalado site americano do setor de compras coletivas, esnobou uma oferta de aquisição no valor de US$ 6 bilhões feita pelo Google. 
 
O Groupon é o maior competidor mundial do setor de compras coletivas. Com a audiência em alta – a base de usuários subiu de 2 milhões para 50 milhões entre 2009 e 2010 –,  a empresa conseguiu financiamento de US$ 950 milhões com  companhias de capital de risco. 
 
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Diante dessa e de outras captações, o valor do Groupon está avaliado hoje em US$ 15 bilhões, o que representa 15 vezes a sua receita, de US$ 1 bilhão. “Parece-me irracional uma empresa como o Groupon, que tem um modelo fácil de ser copiado, valer US$ 15 bilhões”, afirma Willy Shih, professor da Harvard Business School.
 
Deve-se incluir na relação de companhias com alta valorização o microblog Twitter. A empresa foi sondada há algumas semanas pelo Google e pelo Facebook, que estariam interessados em adquiri-la numa negociação que coloca seu valor de mercado próximo dos US$ 10 bilhões, segundo o Wall Street Journal. 
 
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Com cerca de 200 milhões de usuários, o Twitter recebeu em dezembro US$ 200 milhões dos fundos Kleiner Perkins Caufield & Byers, numa transação que o avaliou na ocasião em US$ 3,7 bilhões. 
 
“O valor de mercado do Twitter parece considerar audiência como uma moeda”, diz Michael Nicklas, sócio do fundo SocialSmart. Ainda que valorizado, o microblog enfrenta dificuldades para acelerar a verba obtida com publicidade. 
 
Segundo a consultoria americana eMarketer, a receita do site  foi de US$ 45 milhões em 2010, com a projeção de chegar a US$ 150 milhões ao final de 2011. Hoje, a diferença entre a receita e o valor de mercado é de 222 vezes. 
 
A lista de casos de rápida valorização nos últimos meses envolve também várias startups, modo como são chamadas as empresas novatas do setor de  internet, como a plataforma de blogs Tumblr, que captou US$ 30 milhões recentemente. 
 
Se o foco das análises mudar dos investimentos feitos fora do mercado de capitais para a movimentação na bolsa eletrônica Nasdaq, na qual estão listadas as principais empresas de tecnologia com capital aberto, também se sente a temperatura subir. 
 
A bolsa de tecnologia está atualmente na casa dos 2.800 pontos, a melhor marca desde o estouro da bolha. Ainda assim, bem abaixo do pico de 5.132 pontos registrados no início da década passada.  
 
A comparação com a época da quebra da Nasdaq é importante para balizar a análise sobre uma nova bolha. Entre as principais semelhanças entre aquele momento e o atual está o excesso de liquidez na economia, algo que deverá ser reforçado nos próximos meses em função da política de afrouxamento monetário do Federal Reserve (FED), o banco central americano. 
 
Há também o fato de que, no ano 2000, a internet acessada pelo computador de mesa era um dado novo, o que fez os investidores arregalarem os olhos diante da perspectiva de lucros. Hoje, o PC foi substituído como novidade pela internet móvel, cuja perspectiva de crescimento para os próximos anos é formidável. 
 
“Além disso, o cenário é temperado pelas redes sociais digitais, algo que não tínhamos naquela época”, afirma Marcelo Coutinho, pesquisador de mídia digital da Fundação Getulio Vargas.  
 
Tendo esse cenário como pano de fundo, o mercado deve assistir daqui a alguns meses à abertura de capital por parte de uma série de estrelas da internet, como os sites Facebook, LinkedIn, Twitter e Groupon, entre outros.  Será mais um estímulo sobre a valorização das companhias, com desdobramentos ainda incertos para o mercado digital.